Dissertação - Any Caroliny de Abreu Ramos

"Mas eu não sou só o monitor?" proveniência e emergência do monitor de inclusão : o contexto da prática em um município do extremo sul rio-grandense

Autor: Any Caroliny de Abreu Ramos (Currículo Lattes)

Resumo

Esta dissertação tem como objetivo investigar os fios de proveniência e a emergência do monitor de inclusão nas normativas oficiais, e compreender como sua prática se (re)configura no cotidiano escolar. Inscrito na linha de pesquisa de Políticas Educacionais e Currículo, este estudo foi realizado sob a pauta das contribuições advindas do campo pós-estruturalista, sustentada pelos estudos de Michel Foucault e demais autores alinhados com a teorização foucaultiana. Como estratégias metodológicas, foram utilizadas: a genealogia de Foucault, a partir dos conceitos de proveniência e emergência, e a abordagem do ciclo de políticas formulada por Sthephen J. Ball e colaboradores, especificamente com os contextos analíticos da influência, produção de texto e da prática. A materialidade da análise é formada por normativas oficiais do contexto internacional, nacional e local e por entrevistas realizadas com monitores de inclusão e gestores da Secretária Municipal de Educação de um município do extremo sul rio-grandense. A analítica desenvolvida permitiu a construção de três movimentos investigativos que tematizaram sobre: 1; A proveniência da figura do monitor de inclusão ao trabalhar a partir do contexto de influência e produção de texto da abordagem do ciclo de políticas, evidenciou-se três fios de proveniência, que configuram as condições de possibilidade para o aparecimento dessa figura, sendo eles: a educação como direito humano, o direito à escolarização e o direito à inclusão e ao apoio escolar; 2. A emergência do monitor de inclusão nas políticas educacionais no Brasil e em um município do extremo sul rio-grandense: onde foi possível problematizar as perspectivas sobre esse ator e suas funções em documentos oficiais e a forma com que isso pode afetar o contexto da prática; e 3. O monitor no contexto da prática: onde opero com as entrevistas realizadas com os monitores e a gestora do município pesquisado, traçando três unidades de análise, sendo: 3.1. o monitor pastor, que se relaciona com o poder pastoral e a dominação por tutela; 3.2. o monitor empresário de si, que trata do monitor flexível, empreendedor e polivalente e 3.3. o monitor auto-investidor, que investe em seu próprio capital humano, onde a monitoria se configura enquanto uma oportunidade de aquisição de habilidades e de experiência formativa. Com esses três eixos, localizo o monitor de inclusão como um dos efeitos das políticas de inclusão na escola, não como um ator único e imutável, mas articulado aos efeitos que a racionalidade neoliberal produz na precarização, responsabilização e individualização do monitor, frente ao sucesso ou fracasso da inclusão.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: GenealogiaPolítica educacionalMonitores de inclusãoAbordagem do ciclo de políticas