Juventudes contemporâneas em instituições de acolhimento : uma análise do canal do YouTube Adoção Tardia
Autor: Lóry da Silveira Ribeiro (Currículo Lattes)
Resumo
Esta Dissertação foi produzida no contexto da Linha de Pesquisa Culturas, Identidades e Diferenças do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). A pesquisa investigou as representações de juventude em situação de acolhimento presentes nos vídeos do canal Adoção Tardia, da plataforma YouTube, problematizando como os significados construídos pelos referidos materiais audiovisuais se articulam ao funcionamento da sociedade atual, organizada em torno da mídia e do consumo. Esta investigação vincula-se aos Estudos Culturais em Educação de inspiração pós-estruturalista e vale-se de conceitos como identidade, diferença, representação, juventudes, modernidade líquida, sociedade de consumidores, mídia e pedagogias culturais para compor seu arcabouço teórico. Partindo-se da vertente teórica anteriormente mencionada, foram analisados as produções discursivas presentes nos vídeos, entendidos como artefatos culturais. Tais conceitos, em articulação com o material empírico analisado, conduziram a análise sobre como se constituem significados sobre crianças e jovens em situação de acolhimento e adoção tardia na sociedade contemporânea, organizada em torno da mídia e do consumo. Assim, com base nas recorrências identificadas nos vídeos, foram definidos três eixos de análise, temáticos, sendo eles: a adoção tardia e o imperativo do afeto, os/as jovens enquanto empreendedores de si e a adoção tardia como produto vendável e as representações de juventude em situação de acolhimento e de família biológica e adotiva. A partir das análises desenvolvidas, conclui-se que o afeto é utilizado enquanto estratégia para representar a adoção tardia e o/a jovem em situação de acolhimento como uma identidade adotável. Porém, é possível problematizar essa estratégia, já que a prática da adoção tardia não é um processo que envolve somente o afeto. Aqueles/as que são autorizados/as a falar no canal, expõem conselhos que produzem certos tipos de representação de família biológica e adotiva. No artefato cultural estudado, os/as jovens passam a ser empreendedores/as de si e precisam narrarem-se enquanto mercadoria valiosa. Questiona-se as possibilidades de construir outras representações desses sujeitos em situação de acolhimento e à espera da adoção tardia, na mídia, sem que essas representações estejam nos moldes do marketing e da propaganda que são muito presentes na sociedade de consumo.