O andarilhar da Escola Municipal de Educação de Jovens e Adultos (EMEJA) Paulo Freire como estratégia de construção da identidade docente
Autor: Fernanda Farias Oliveira (Currículo Lattes)
Resumo
Esta dissertação é vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGEdu da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, na linha de Formação de Professores e Práticas Educativas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa (MORAES; GALIAZZI, 2007), que teve por objetivo investigar como ocorreu a construção das identidades docentes de educadoras da Escola Municipal de Educação de Jovens e Adultos Paulo Freire, localizada no município do Rio Grande - RS, diante da característica de andarilhagem da escola. A proposta metodológica utilizada para produção dos dados foi alicerçada no grupo focal (KITZINGER, 1994), e contou com cinco participantes, professoras da EMEJA Paulo Freire, e dois encontros presenciais. O primeiro teve como tema "As primeiras andarilhagens na EJA" e o segundo "Andarilhar na EMEJA e seus processos formativos". Para análise dos dados, foi utilizada a metodologia da Análise Textual Discursiva - ATD (MORAES; GALIAZZI, 2007), que além de permitir a compreensão do fenômeno investigado, oportunizou a interação entre pesquisadora e sujeitos envolvidos. Como fundamento teórico, foram utilizados estudos que abordam a Educação de Jovens e Adultos - EJA e formação da identidade docente, como Gentil (2005), Gadotti (1995), Arroyo (2005), Freire (1986; 1987; 2005), Conelly e Clandinin (1999), Wood e Jeffrey (2002), Roberts e Holmes (2003), Tardif e Lessard (2013) e Lüdke e Boing (2004). Durante a construção deste estudo, foi percebido que, embora a EJA tenha uma legislação específica garantindo obrigatoriedade, gratuidade e respeito à especificidade e à institucionalização da EJA, no âmbito das políticas públicas educacionais há muito para avançar, pois ainda nos deparamos com políticas públicas as quais não vislumbram as potencialidades da EJA, tampouco investem como deveriam na modalidade. Casos, inclusive, de fechamentos de turmas e até de escolas, como foi o da EMEJA Paulo Freire, em fevereiro de 2021, tornam este estudo ainda mais relevante, por conta dos registros das vivências e das experiências no contexto de uma escola andarilha que, infelizmente, foi extinta. A pesquisa destacou o fato de que a construção das identidades docentes das educadoras da EMEJA Paulo Freire ocorreu a partir dos processos formativos internos ofertados pela escola e, sobretudo, pelas interlocuções com os diferentes sujeitos, educandos e educandas dessa escola singular. O estudo possibilitou o entendimento de que a EMEJA Paulo Freire conseguiu oferecer uma educação emancipadora e autônoma e que essa proposta possibilitou às educadoras que andarilharam ao longo desses poucos, mas intensos anos, noções alargadas de pertencimento, tornando real algo até então inédito.