Dissertação - Juliana Soares

Educação e participação político-social de mulheres quilombolas

Autor: Juliana Soares (Currículo Lattes)

Resumo

O presente trabalho intitulado Educação e participação político-social de mulheres quilombolas analisa as reflexões e problematizações realizadas durante o desenvolvimento da pesquisa de mestrado, realizado no Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), sendo desenvolvido por uma pesquisadora negra, quilombola, militante do Movimento Negro e pertencente a comunidade na qual foi realizada a pesquisa. Com isso, ressalto o meu lugar de legitimidade e pertencimento para desenvolver esta pesquisa, tendo como base as lentes de quem é corpo território das vivências compartilhadas pelas parcerias da pesquisa. A pesquisa tem como objetivo geral analisar e compreender quais os desafios imbricados nas trajetórias das mulheres quilombolas do Quilombo Coxilha Negra, localizado na zona rural do município de São Lourenço do Sul, região Sul do Rio Grande do Sul, durante o processo de tornar-se negra e na tomada de consciência da sua condição de mulher quilombola e lideranças na comunidade. A fim de atender os objetivos propostos pelo projeto de pesquisa, inicio o trabalho fazendo um resgate histórico na historiografia com o propósito de entender o processo de formação do nosso país, entendendo a nossa origem para posteriormente pensar a nossa sociedade atual, e assim refletir sobre o porquê a polução negra quilombola está estacionada social e economicamente na posição de servidão ao longo de séculos, e de que forma isso reflete na vida das mulheres negras quilombolas até os dias de hoje. Em seguida, com base na dura realidade vivida pelas comunidades quilombolas, principalmente pelas mulheres, e considerando todo o sistema racista enraizado na sociedade brasileira, busquei por autoras e autores que dialogam com as questões raciais que atravessam a vida das mulheres negras quilombolas, para tal estabeleço relações e reflito sobre o quanto a realidade presente tem marcas do passado. Após o trabalho reflexivo e teórico, apresento as entrevistas com cada uma das parceiras da pesquisa, que são mulheres negras quilombolas, estudantes de graduação ou já graduadas, algumas com vínculo com movimentos sociais de luta. Todas as mulheres pertencentes a nossa comunidade quilombola atuam no enfrentamento ao racismo, bem como travam a luta pelos direitos do povo quilombolas através de ações sociais e de participação política. Inspirada em Conceição Evaristo, adoto como ferramenta metodológica para produção e análise de dados o conceito de escrevivencia cunhado por essa mulher negra, poeta, contista, romancista e considerável teórica de estudos literários e afro-brasileiros, pois entendo que esse conceito traz para escrita as mazelas que são marcadas pela minha experiência de mulher quilombola.

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Palavras-chave: QuilombolasMulheres negrasParticipação político-socialAutorreconhecimento