Entre laços e letras : a proposta pedagógica de uma alfabetizadora e as orientações às famílias em tempos de pandemia
Autor: Michele Alaise Flores Borges (Currículo Lattes)
Resumo
A presente dissertação teve como objetivo analisar, a partir dos planejamentos de uma professora, as orientações destinadas às famílias de crianças em processo de alfabetização durante o ensino remoto emergencial. Logo, buscou-se compreender a proposta pedagógica da professora, investigar como emergiu a necessidade de inserção no planejamento semanal da professora as orientações específicas para as famílias, bem como identificar quais os objetivos de tais orientações. A pesquisa de caráter qualitativo foi inspirada na metodologia de estudo de caso (André, 2013), sustentando-se na análise documental de doze planejamentos semanais, equivalentes ao período de outubro de 2020 à abril de 2021, enviados às famílias de estudantes de uma turma do 1º ano do ensino fundamental, bem como em duas entrevistas semi-estruturadas concedidas pela docente da turma nos meses de dezembro de 2020 e abril de 2021. Também foi considerada, para fins de contextualização da implementação do ensino remoto emergencial no município, uma entrevista realizada em dezembro de 2020 com o Secretário de Educação do município de Rio Grande. A partir da análise constituíram-se dois agrupamentos, sendo estes (i) as orientações específicas sobre uma determinada atividade e/ou sobre o processo de alfabetização para as famílias conseguirem auxiliar as crianças nas atividades propostas no planejamento e (ii) as sugestões dispostas em cards ou textos explicativos, cujo intuito era incentivar o processo de alfabetização das crianças de forma mais ampla e, por isso, tratavam-se de atividades extras, ou seja, sugestões de atividades para serem realizadas com a criança cotidianamente, em outros momentos, para incentivar o desenvolvimento de outras habilidades que contribuem para as crianças avançarem em seu processo de alfabetização. Tais orientações foram articuladas aos planejamentos, que precisaram ser (re)configurados para atender as demandas da conjuntura do ensino remoto emergencial (Menegolla; Santanna, 2014), uma vez que as famílias passaram a auxiliar as crianças na realização das atividades em suas residências. Como resultados da pesquisa, identificou-se que as orientações às famílias emergiram em virtude da distância física entre a professora e as crianças e em decorrência da necessidade de buscar o apoio familiar para alcançar os objetivos de aprendizagem previstos para os estudantes. Logo, as mesmas objetivavam orientar as famílias, dando a elas subsídios e informações de como poderiam desenvolver as atividades escolares em casa, de modo que pudessem ter uma atuação mais assertiva e envolvessem as crianças no ERE.