Dissertação - Wilson Marques Navarro Júnior

Políticas etnoeducacionais para os Sateré-Mawé nas aldeias do rio Mamuru - PA

Autor: Wilson Marques Navarro Júnior (Currículo Lattes)

Resumo

Este trabalho objetiva investigar como se dá a realização das políticas etnoeducacionais para os indígenas Sateré-Mawé nas aldeias do rio Mamuru - PA, divisa com o Estado do Amazonas. Ancorada nesse cenário, a pesquisa aponta para um dos grandes desafios da Amazônia, a implementação das políticas públicas educacionais voltadas à Educação Indígena (EI), no qual a escola é palco central da educação diferenciada e suas práticas devem construir a memória e identidade dessa população. Nesta trilha, o problema norteador surge com a peculiaridade educacional escolar nesse universo, questionando: como se dá a implementação das políticas públicas etnoeducacionais para os indígenas da etnia Sateré-Mawé que habitam às margens do rio Mamuru-PA? Isto posto, o objetivo geral desta pesquisa emerge a fim de analisar como se efetivam as políticas públicas educacionais voltadas aos aldeados indígenas supracitados. A investigação nos remete a reflexões e nos faz entender conceitos como etnoeducação, colonização, decolonização. Para tanto, foram realizadas consultas em livros e artigos científicos, de autores que discutem sobre políticas educacionais indígenas, a terra indígena como espaço cultural e a interculturalidade do currículo mediante a escola indígena, bem como a trajetória da legislação vigente acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena, a LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96 e a Constituição Federal/1988. Metodologicamente, este trabalho possui a perspectiva da investigação qualitativa, do ponto de vista dos objetivos, tem-se uma pesquisa descritiva. O estudo de campo se deu nas duas aldeias indígenas, às margens do rio Mamuru. A aldeia Nossa Senhora Aparecida está dentro do município de Juruti - PA, já a aldeia Ipiranga, pertence ao território de Aveiro-PA, no entanto, a responsabilidade administrativa de ambas as tabas está na governança jurutiense. A coleta de dados ocorreu através de entrevista semiestruturada para com quatro docentes indígenas. No decorrer do trabalho percebeu-se a necessidade de se escutar o cacique, utilizando-se a técnica da História Oral para eternizar sua fala uma vez que seu povo sofre com o apagamento da matriz cultural; procedeu-se, também, com observações e anotações no caderno de campo. Os resultados inferem que a presença de professores da mesma etnia nas aldeias garante a gênese da efetivação das políticas etnoeducacionais na escola como um nicho de reflorestamento da cultura de seus ancestrais. Em suas falas significativas, o cacique vê a escola como um campo de descolonização a partir da práxis dos professores indígenas. Sua voz não mais silenciada reverbera o desejo de seu povo pela permanência dos curumins e das cunhatãs na escola indígena.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Educação indígenaCurrículoPolíticas públicasEducação escolar indígenaEtnoeducaçãoSateré-MawéJuruti (PA)