Dissertação - Verônica Amorim Saraiva

A avaliação da aprendizagem da alfabetização de crianças no ensino remoto emergencial em uma escola do campo do município de Santa Vitória do Palmar - RS

Autor: Verônica Amorim Saraiva (Currículo Lattes)

Resumo

Esta dissertação está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação - PPGEDU da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, e à linha de Formação de Professores e Práticas Educativas. A pesquisa foi realizada no contexto do ensino remoto emergencial em virtude da pandemia da Covid-19 que acarretou o fechamento das instituições de ensino em todo o Brasil. Foi um contexto difícil, principalmente para as alfabetizadoras, que enfrentaram inúmeros desafios na prática pedagógica por estarem distante fisicamente das crianças, sendo um deles a avaliação da aprendizagem. Nesse sentido, teve-se como objetivo nesta dissertação compreender como ocorreu o processo avaliativo da alfabetização de crianças no contexto do ensino remoto emergencial, por meio das narrativas de 02 professoras alfabetizadoras que atuaram em turmas de 1º e de 2º ano do Ensino Fundamental, em uma escola do campo do munícipio de Santa Vitória do Palmar/RS, no ano letivo de 2020. A metodologia da pesquisa foi de natureza qualitativa, cujo instrumento de produção de dados foi o grupo focal. Os dados foram produzidos no ano de 2020 pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Alfabetização e Letramento (GEALI - FURG), em consonância com as ações da pesquisa nacional Alfabetização em Rede (ALFAREDE). Dessa forma, foram realizados três encontros de grupos focais, no mês de novembro de 2020, com duração de aproximadamente 1h cada. As transcrições dos encontros totalizam 48 páginas e compõem o material empírico analisado que foram agrupados e problematizados a partir da Análise Textual Discursiva (ATD). As análises apresentam indícios de que as professoras investigadas consideraram a avaliação da aprendizagem em uma perspectiva formativa, indo ao encontro da concepção defendida por autores como Perrenoud (1999) e Hadji (2001), ou seja, enquanto acompanhamento das aprendizagens e orientadora da ação docente. No que diz respeito aos desafios enfrentados pelas alfabetizadoras para avaliar nesta perspectiva de forma remota, destaca-se a falta de acesso à internet por parte das famílias que residiam na zona rural; a falta de interação das professoras com as crianças, fosse essa síncrona ou assíncrona; a dificuldade de acesso e a demora nas devolutivas das atividades impressas enviadas aos alunos e, ainda, a dificuldade das famílias em auxiliar às crianças na realização das tarefas no ambiente doméstico. Diante desta realidade, as professoras utilizaram algumas estratégias para que pudessem, minimamente, acompanhar o processo de alfabetização das crianças no ERE, tais como ditados diagnósticos feitos remotamente, retorno individualizado a partir da correção das atividades impressas e solicitação de registros das crianças realizando as atividades por meio de fotos e vídeos e ligações telefônicas. Contudo, os resultados indicam que estas estratégias não se mostraram suficientes para acompanhar efetivamente o processo de alfabetização das crianças e fornecer subsídios para orientar o planejamento pedagógico neste contexto. No caso desta pesquisa, as professoras indicaram realizar seus planejamentos pedagógicos sem saber as necessidades reais de aprendizagem das crianças. Os dados evidenciam, ainda, que o processo avaliativo das professoras, neste período, acabou ancorando-se nas orientações da mantenedora, as quais relacionavam a nota do estudante ao quantitativo de atividades realizadas pelos alunos, sem considerar as aprendizagens das crianças.

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