Tempo de aprender e a formação de professoras da Educação Infantil : uma análise de videoaulas
Autor: Lívia Lempek Trindade Monteiro (Currículo Lattes)
Resumo
Esta dissertação está vinculada ao Programa de Pós-graduação em Educação - PPGEDU da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, na linha de Formação de Professores e Práticas Educativas. O objetivo principal da pesquisa é problematizar a formação de professores da Educação Infantil promovida pelo Programa Tempo de Aprender, vinculado à Política Nacional de Alfabetização (2019), mais especificamente, o que se refere ao Eixo 1- Formação continuada de profissionais da alfabetização, por meio da análise do conteúdo de videoaulas voltadas para o último ano da pré-escola, disponibilizadas pelo curso, intitulado Práticas de Alfabetização. Também, problematizar as produções audiovisuais do referido curso, com foco nas concepções de professor e aluno, na organização do espaço-tempo e nos contextos de interações. É uma investigação que segue os princípios da metodologia qualitativa (Bodgan e Biklen, 1994), realizada por meio de pesquisa documental (Gil, 2008), considerando 20 videoaulas voltadas para a pré-escola do Curso Práticas de Alfabetização. O tratamento dos dados contou com a Análise de Conteúdo, como proposto por Bardin (2004) e com a Análise Documental de Imagem proposta por Gatto (2018). Em um primeiro momento, foram analisados os documentos Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - DCNEIS, Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil - BNCCEI e Política Nacional de Alfabetização - PNA a fim de contextualizar e observar as orientações legais para a Educação Infantil, o que indicou a incompatibilidade de concepções entre eles. Após a contextualização, foi analisada a estrutura do Curso e das videoaulas no que se refere à organização do espaço da sala de aula, as interações, e a representação das crianças, o que indicou a mecanização do modelo de formação continuada de professores utilizado pelo Curso, que ignora princípios estéticos da Educação Infantil. Além disso, a análise evidenciou os valores neoliberais individualistas, produtivistas e o caráter reducionista do Curso, evidentes na configuração das videoaulas pela centralização da figura dos professores, no espaço que não oportuniza interações e brincadeiras e que ignora a cultura lúdica, e até no comportamento dos próprios alunos, que agem de forma disciplinada com corpos dóceis e mecânicos. Ainda assim, referente a concepção de ser docente, o Curso compreende os professores como operadores de funções, que devem seguir o modelo oferecido para que assim consigam alfabetizar as crianças. Os resultados da pesquisa indicam que Curso tem caráter tecnicista e mecânico, que segue as prerrogativas e sistemas de valores neoliberais e busca a regulação da prática docente.