Corpos gordos no Instagram : práticas de denúncia e resistência a partir do perfil da Instagrammer Thaís Carla
Autor: Monique Cunha de Souza (Currículo Lattes)
Resumo
Desenvolvida na Linha de Pesquisa Culturas, Identidades e Diferenças do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande (PPGEDU/FURG), esta Dissertação objetiva investigar as narrativas que emergem a respeito dos corpos gordos a partir de publicações da instagrammer, militante contra a gordofobia, Thais Carla, a fim de entender as possibilidades dos corpos gordos na contemporaneidade. O perfil foi criado pela influenciadora digital e conta com mais de 3 milhões de seguidores. Na atual conjuntura social, vivenciamos uma grande valorização da estética corporal, os modelos de saúde e beleza que são propagados pelas mídias e pelas redes sociais na internet, corroboram para a criação de visões idealizadas sobre corpos. Corpos magros, musculosos e delineados acabam se tornando objeto de desejo, da sociedade, e tidos como padrão hegemônico de corpo. No entanto, a supervalorização de corpos magros acaba por estigmatizar pessoas gordas como relapsas, incapazes e doentes. Estas discriminações ocorrem através da gordofobia, termo utilizado para se referir ao preconceito que pessoas gordas sofrem na vida afetiva, social e profissional. Partindo disso, sob a lente teórica dos Estudos Culturais em sua vertente pós-estruturalista, neste trabalho, foram analisadas 14 postagens presente no perfil do Instagram da influenciadora, com olhares a partir da análise cultural, como ferramenta metodológica. Compreendendo os perfis de redes sociais na internet como artefatos culturais compostos por diversas pedagogias que agem na construção das subjetividades e ensinam modos de ser e existir no mundo. A partir das postagens aqui investigadas, surgiram 3 categorias de análise em que são abordadas práticas de denúncia e resistência aos padrões hegemônicos de corpos, bem como práticas de fortalecimento da autoestima e empoderamento dos corpos gordos. A partir de nossos estudos, verificamos que as experiências e vivências de pessoas gordas ocorrem através das relações de poder, em uma sociedade que impõe diversos padrões e normas, que controlam e vigiam os corpos. No entanto, existem sujeitos que transgridem a estas normas e imposições, como, por exemplo, Thais Carla, e que acabam por experienciar os constrangimentos, comportamentos e ações gordofóbicas, atribuídos aos corpos gordos. Podendo ser considerado isto, uma forma de manter os padrões e normatividades impostos pela sociedade, sempre vigentes.