Violências de gênero na escola : narrativas docentes no contexto do Cariri cearense
Autor: Eugerbia Paula da Rocha (Currículo Lattes)
Resumo
Esta dissertação foi produzida no programa de Pós-Graduação em Educação, na linha de pequisa: Educação, Culturas, Identidades e Diferenças, com objetivo geral de analisar narrativas docentes sobre violências contra as mulheres, no contexto socioeducacional, e objetivos específicos: problematizar narrativas dos/as professores/as da rede pública de ensino sobre o entendimento de violência contra as mulheres; analisar o que dizem os/as professores/as sobre os limites e possibilidades de inserir essa temática nos currículos escolares como uma estratégia para problematizações e desconstruções: investigar o que vem sendo produzido academicamente sobre a temática, violências de gênero no contexto escolar. Nosso referencial teórico situa-se no campo dos Estudos Culturais e Feministas, na vertente Pós-Estruturalista, possibilitando problematizar a linguagem e as práticas discursivas acerca de machismos, misoginias, e sexismos, como formas de contribuir para desnaturalizar violências de gênero no contexto socioeducacional. Como estratégia metodológica, utilizamos questionários de levantamento de informações dos/as participantes e entrevistas semiestruturadas individuais, que foram realizadas com professores/as da Educação Básica da rede pública de ensino, em duas escolas do município de Brejo Santo, localizado no Cariri cearense, no Sul do Ceará. Como procedimento analítico, adotamos a investigação narrativa, por considerar sua potencialidade para pensar nas questões das desigualdades, e violências de gênero em distintas instâncias socioeducacionais. Além de permitir problematizar como as desigualdades se constituíram e quais condições de possibilidade que tornaram as violências de gênero naturalizadas. Os resultados evidenciaram que as violências de gênero se fazem presentes nos ambientes socioeducacionais, multiplicando-se de diversas formas; por meio de agressões, xingamentos, assédios, relacionamentos abusivos, homofobia, transfobia, racismos, feminicídios, entre outras, marcando negativamente as vidas de muitas pessoas, sobretudo, das mulheres e das pessoas LGBTQIA+. Além disso, as narrativas apontaram que, muitos/as professores/as têm pouco domínio, e se sentem inseguros/as ao discutir sobre esse tema, devido a carência formativa que aliada aos preconceitos, machismos e misoginias sustentadas pelo patriarcado, constituem principais empecilhos que limitam essa temática na região do Carri cearense. Por outro lado, os/as participantes sinalizaram um cenário favorável que possibilita abordar as violências de gênero e feminismos de forma inter/transdisciplinar em sala de aula. Assim, destacamos a relevância dessa pesquisa, por entendermos as escolas como espaços potentes para discussão acerca de gênero e violências, visando questionar os processos de construção sociocultural de identidades/diferenças, bem como, desconstruir a cultura machista e os efeitos das relações de poder que (re) produzem as violências de gênero nos diversos espaços sociais, políticos e educacionais.