Os impactos nas rotinas das famílias de alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental a partir do ensino remoto emergencial e a retomado das atividades presenciais no município de Rio Grande/RS
Autor: Juliana Silva Cabrera (Currículo Lattes)
Resumo
Esta dissertação foi realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e está vinculada à linha de pesquisa Formação de professores e práticas educativas. A mesma teve como objetivo analisar os impactos do ensino remoto emergencial e do retorno às atividades presenciais nas rotinas e nos sentimentos vivenciados por famílias de alunos matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental do município do Rio Grande/RS. A orientação de isolamento social e a suspensão das atividades escolares, no ano de 2020, transformou os lares em ambientes multifuncionais, exigindo das famílias uma reorganização das rotinas e da gestão do tempo, haja visto que adultos e crianças passaram a conviver e desempenhar, majoritariamente, todas as suas atividades em casa. Ainda que no ano de 2022 as atividades escolares tenham sido retomadas de forma presencial no município do Rio Grande/RS, as famílias tiveram que manter cuidados em relação à Covid-19, o que exigiu delas outras reorganizações. Desse modo, a pesquisa de natureza qualitativa, foi pautada na análise documental (Le Goff, 1990). Logo, teve como corpus analítico as transcrições de 05 encontros de grupos focais realizados entre 2021 e 2022, com oito mães de alunos que frequentavam à época os anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas do município do Rio Grande/RS. Tais transcrições encontram-se salvaguardadas em acervos digitais do Grupo de Estudos e Pesquisa em Alfabetização e Letramento (Geali) e do Centro de Memória da Educação (Cemedu). Os dados foram analisados utilizando a Análise de Conteúdo, proposta por Laurence Bardin (2011), e evidenciaram mudanças nas dinâmicas familiares com adaptações significativas para acomodar as demandas do ensino remoto emergencial, que foram predominantemente manejadas por mães, ocasionando nestas uma sobrecarga emocional e de trabalho. Além disso, os resultados apontaram que as dinâmicas constituídas em decorrência da pandemia da Covid-19 geraram inúmeros sentimentos nas famílias, em que o medo, a insegurança, a proteção desencadearam uma sobrecarga emocional. Conforme as narrativas das mães, esses sentimentos afetaram negativamente, em alguns momentos, as relações familiares e, em outros, permitiram maior apoio à aprendizagem dos filhos e o fortalecimento dos vínculos afetivos. A pesquisa destacou, ainda, as desigualdades sociais exacerbadas pela pandemia, em que o acesso desigual às tecnologias e ambientes adequados para o aprendizado comprometeram a aprendizagem das crianças. Alunos de classes mais favorecidas tiveram melhores condições de adaptação, enquanto aqueles em situação de vulnerabilidade social enfrentaram desafios que acentuaram as disparidades no sistema educacional.