Processos de in/exclusão na escola comum : como as crianças vivenciam o encontro com a diferença?
Autor: Raquel Schenque de Freitas (Currículo Lattes)
Resumo
A pesquisa aborda o convívio entre pares para compreender como as crianças vivenciam e (re)produzem suas experiências no espaço escolar diante das diferenças pessoais, sociais e culturais. Baseando-se nas contribuições da Sociologia da Infância e a nos estudos pós- estruturalistas, especialmente a partir do pensamento de Michel Foucault, a pesquisa foi realizada no contexto do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Rio Grande (PPGEDU/FURG), vinculado à linha de pesquisa Políticas Educacionais e Currículo. O objetivo da pesquisa é compreender como as crianças narram e vivenciam os encontros com a diferença, observando como essas relações são produzidas por dinâmicas de poder e como elas encontram brechas para desafiar ou perpetuar práticas sociais instituídas. Por meio de uma abordagem qualitativa com inspiração etnográfica, a pesquisa foi realizada com uma turma de 23 alunos do 5º ano do Ensino Fundamental em uma escola particular em Rio Grande/RS. A pesquisadora, que também atua como professora da turma, adotou a observação participante para captar as interações cotidianas e as narrativas das crianças. A análise dos dados, feita com base na técnica de Análise Temática (AT), revelou duas unidades principais: a primeira explora os processos de acolhimento e inclusão por tutela, que tanto oferecem suporte quanto exercem controle sobre o outro; a segunda examina situações de exclusão, especialmente marcadas por discursos racistas e capacitistas no cotidiano escolar. Os resultados indicam que, assim como os adultos, as crianças também reproduzem, no ambiente escolar, preconceitos e estruturas de poder presentes na sociedade. Esses preconceitos estruturais, como o racismo e o capacitismo, reforçam dinâmicas de in/exclusão, muitas vezes levando ao isolamento de crianças vistas como diferentes.